O
melhor, mais desafiante, mais profundo, mais complexo curso de
desenvolvimento pessoal do mundo… é o curso em qual nos matriculamos no
momento em que sabemos que vamos ser pais pela primeira vez. Uma vez
matriculados, o curso começa mesmo com um primeiro momento
verdadeiramente transformador, um momento cheio de emoções, cheio de
aprendizagens… o nascimento. (Claro
que também podemos fazer muitas aprendizagens com a gravidez em si,
tanto a mulher como o homem. Chamamos isso os preparativos para o curso.
;o))
Há
muita gente que conscientemente não refletem muito sobre as
aprendizagens que podem fazer no momento do nascimento de um filho.
Estão muito focados no “o que interessa é ter o bebé cá fora, bem e
saudável”. E em alguns casos, é mesmo assim. Mas na maior parte dos
casos, não há necessidade de assim ser. Aliás, na grande maioria dos
casos, há espaço para os pais fazerem uma viagem interior muito
interessante, muito valiosa.
Refletindo
sobre o momento de nascimento de um filho, aprendemos muito, mas muito
mesmo, sobre nós próprios e a forma como encaramos a vida.
Tenho três filhos. A primeira pequena, nasceu numa Ordem. Parto planeado, induzido, com epidural. O segundo, nasceu num hospital público, parto natural, sem intervenções, demasiados dias passados num hospital. O terceiro, nasceu em casa, numa piscina, com a família dele presente. E foram tantas, tantas as aprendizagens que fiz sobre mim, nos momentos e ao longo dos anos, graças à essas experiências.
A
aprendizagem maior: tenho uma necessidade brutal de controlo.
Auto-controlo e controlo sobre os acontecimentos a minha volta. Nunca
teria entendido isso dessa forma, se não me tivesse dado o tempo de
refletir sobre os nascimentos dos meus filhos da forma que fiz.
(…e
hoje em dia fico triste quando encontro mulheres que se entregam nas
mãos dos “profissionais”, tal como eu fiz a primeira vez… mas também com
isso, podemos fazer muitas aprendizagens interessantes….)
E
então, quando temos aquele bebé, lindo, perfeito, “nosso”, nas mãos….
Já estamos no meio da aventura que é o melhor curso de desenvolvimento
pessoal do universo…
Para mim, a minha necessidade do controlo, continuo a manifestar-se no papel que assumi de mãe.
Até
a criança ter mais ou menos 18 meses não nos preocupamos muito com a
“educação” propriamente dita… Estamos totalmente focados nas
necessidades do bebé… tem fome, calor, frio, cocó, sono…. Cada gritinho é
alvo de uma investigação profunda.
Eu queria ser perfeita. Fiquei foi exausta… ;o)
Quando
a criança começa a intervir na vida dos pais de uma forma mais ativa
(anda, mexe etc.), começamos então a sentir uma necessidade de “educar”
(e se nós não a sentimos, certamente haverá pessoas a nossa volta a
darem dicas…). Já não nos preocupamos com todas as necessidades da
criança, mas começamos a focar-nos mais no comportamento em si....
Eu
tinha a tal necessidade de controlo, mas também queria ser uma mãe
"relax", "diferente"… ou seja, o meu estilo flutuava entre um ser
bastante autoritário (alinhado com as “normas” e alguma herança do meu
pai) e um ser mais para o laissez-faire (aquela parte de mim que
sabia que a autoridade não era bem “my thing”, mas que ainda não tinha
encontrado o que “my thing” era…). Felizmente, a minha filha tinha uma
personalidade que aguentava bem uma mãe meia bi-polar (ou pelo menos é o
que digo a mim mesma :/)….
Quando
nasceu o meu segundo filho nasceu um pequeno anjo. Durante a gravidez
andei constantemente a dizer, vai dormir bem, vai comer bem, vai ser
espetacular…. Estava super tranquila e olhe, foi mesmo assim. Mesmo,
mesmo. Até um dia… em que comecei a sentir a tal “necessidade de
educar”… e o meu filho não reagia da mesma forma que a minha filha tinha
reagido. Nada “funcionava”….
A
minha necessidade de controlo tomou conta de mim, mas em vez de
procurar controlar o meu filho (o conselho mais comum era “tens que ser
mais dura com ele”, “ele tem que saber quem manda”)…. Decidi virar essa
necessidade para dentro e comecei a questionar-me profundamente. Li, li,
li. Falei, falei, falei. Treinei, treinei, treinei. Pensei, refleti,
aprendi….
Fiz
uma submersão total no meu curso de desenvolvimento pessoal. E só o
pude fazer graças aos desafios que o meu filho me colocou.
Escolhi fazer a pergunta "O que vou fazer comigo"? Em vez de "O que vou fazer com ele?"....
E obtive as respostas, que a final, já estavam aqui, dentro de mim.
Ninguém
nos conhece tão bem como os nossos filhos. Ninguém consegue expor as
nossas fraquezas como os nossos filhos. Ninguém nos consegue amar como
os nossos filhos. Ninguém consegue apontar tudo aquilo que temos para
melhorar, como os nossos filhos. E só depende de nós escolhermos ver e
ouvir aquilo que nos estão a dizer, todos os dias, através das suas
palavras e o seu comportamento. Aquilo que estão cá para nos ensinar….
Acredito
que o comportamento dos meus filhos, é o eco do meu comportamento e a
minha atitude. A forma que falo e ajo volta diretamente para mim através
dos meus filhos. Tudo que faço é uma forma de interação com eles.
Aquilo que quero que eles sejam, tenho que ser eu primeiro.
Foi
tão bom quando percebi que já estou a fazer o melhor curso de
desenvolvimento pessoal do universo. Um curso perfeito para mim,
completamente adaptado às minhas necessidades. E só me cabe a mim
aceitar as aprendizagens ou não.
Agora
estou a entrar num novo módulo do meu curso. O módulo “Pequeno I já tem
18 meses”. Estou ansiosa pelas novas aprendizagens que vou fazer!
Obrigada L., obrigada E., obrigada I. O amor e a gratidão enchem o meu coração.