sexta-feira, 14 de setembro de 2012

É preciso ter respeito!


E começaram as escolas! Tanto crianças como pais… todos ansiosos pelo início. Tinha pensado em escrever um artigo sobre iniciar a escola, mas as ideias deram uma volta… 

 
Ontem foi a reunião de apresentação para os pais na escola da minha filha mais velha que hoje inicio ou seu 3º não na escola primária. Para mim, foi uma reunião interessante, e frustrante. Sempre quando vou à estas reuniões gerais com muita gente, sinto compaixão pelos professores e professoras que estão a frente de um multidão de pais. Ao mesmo tempo fico frustrada por ninguém lhes ensinar como comunicar nestas situações, e outras (e parece-me também que a maioria deles também não faz este investimento). 

De qualquer modo, a razão número um pela forma bastante agressiva e chata que se comunica nestas reuniões, não tem nada a ver com falta de formação em comunicação. Tem a ver com medo. Mesmo que muitos dos professores possam não o admitir, o medo é tão visível. E da mesma forma que estas pessoas comunicam com os pais, comunicam com as crianças (ou até pior ainda). Acredito que o medo é exatamente o mesmo, o medo de não ser respeitado (que no fundo está ligado ao medo de não ser amado). 

Na reunião que assisti ontem, houve uma altura em que a diretora do agrupamento exclamou: “E agora chegamos à altura de falarmos sobre o RESPEITO! É que é preciso ter RESPEITO PELA AUTORIDADE.” Até tomei nota no meu caderninho…. 

Sempre quando ouço esta frase fico a tremer um pouco, e tenho que fazer exercícios de respiração. Acredito que é mais do que óbvio, que devemos ter respeito por qualquer pessoa que encontramos no nosso caminho. Mas, eu não ensino os meus filhos a respeitar autoridades. Procuro ensinar os meus filhos a respeitar pessoas (e animais, e a natureza…). E basicamente, só tenho uma única forma de o fazer. Dar o exemplo. Dar o exemplo. Posso conversar tudo o que quero (e pode ajudar um pouco com os mais velhos), posso castigar, premiar, chatear….. mas nada disso será útil para o meu objetivo final como educador, se o objetivo não for que a criança só respeite pelo medo ou porque tem algo a ganhar. 

A única coisa que pode realmente fazer a diferença é a forma como EU respeito as pessoas à minha volta. E a seguir, a forma que outros adultos (avós, professores, educadores, treinadores, amigos)  na vida da criança respeitam outras pessoas. 

E o meu filho aprende sobre respeito em todas as interações que tenho com outras pessoas e ele está presente. 

Quando falo com o polícia que parou o carro, quando vou às finanças, quando falo com a professora, quando falo com os meus pais, quando falo ao telefone com o meu chefe…. 

Se eu for “bem educada” nestas situações todas, e só respeito a pessoa porque ela tem “autoridade”, então o meu filho vai sentir e integrar isso. E por outro lado, se eu respeitar porque acredito profundamente que é isso que devo, e quero fazer, então o meu filho vai sentir e integrar essa forma de estar. 

É a diferença entre respeitar por medo ou respeitar por amor. Respeitar só com a mente, ou também com o coração. 

Que tipo de respeito queres ensinar aos teus filhos? Que tipo de respeito queres que seja ensinado nas escolas? 

Achas que o mundo poderia ser um sítio diferente se aprendêssemos todos “o respeito” por amor?


7 comentários:

  1. "Quando quando falo com o polícia que parou o carro, quando vou às finanças, quando falo com a professora, quando falo com os meus pais, quando falo ao telefone com o meu chefe…. "; e eu acrescentaria quando falo com outra pessoa sobre @ polícia, sobre a pessoa nas finanças, sobre os meus pais, sobre o meu chefe, ..., quando a criança está a ouvir. Pois acredito que também aí percepciona o exemplo.

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    1. Sim, claramente Ricardo! E se eu nos meus encontros "reais" enfrentar as pessoas a partir do coração, certamente falarei de uma forma respeitadora quando falar deles em outras situações!

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  2. "...não tem nada a ver com falta de formação em comunicação. Tem a ver com medo."

    Comunicar é "entrar em acção com" provém do latim "comunicare" e é um processo interactivo e pluridirecional. O que estes professores fazem é Informar que é diferente de comunicar. Consiste em transmitir informação sem se preocupar com o feedback dessa informação. Devido à sua incapacidade em comunicar estes professores informam de maneira agressiva para esconder o seu medo mais profundo - o falar perante uma audiência seja ela de adultos ou de crianças. E se eu sei conhecer esta incapacidade nas pessoas, as crianças na sua maioria não!
    Nestes casos ás crianças aprendem a ter respeito por medo e não por admiração ou amor e que muitas vezes se traduz em sintomas físicos incontroláveis como vómitos persistentes.

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    1. Sim, certamente nestes casos estamos a falar muito mais de informação do que comunicação por um lado. O que acho é que os professores, gostariam que fosse um processo meramente informativo, porque seria muitíssimo mais fácil para eles. Mas como acaba por haver reacções, respostas e comentários da parte dos pais, a situação que foi preparada para ser um momento informativo transforma-se num processo de comunicação. (partindo do princípio que na comunicação há um emissor que recebe feedback do receptor, e no meio há "ruído" e filtros)

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  3. Mama Mia ;)
    ...respondendo à tua pergunta: SIM!


    Não tenho filhos, e é nisso mesmo em que acredito... e todos os dias caminho nessa direcção.

    Excelente texto... conciso, objectivo... tocas no ponto certo sem rodeios.



    Obrigado pela partilha!

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  4. Fabuloso!
    Sou professora, sei o que vivo.
    Fui educada a ter respeito por mim prória e desta forma, respeito quem está junto a mim, em qualquer lado que vá.
    Não digo mais nada, porque vou ler o post que me trouxe a este.
    Um abraço pela mulher que é.

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