E começaram as escolas! Tanto crianças como pais… todos
ansiosos pelo início. Tinha pensado em escrever um artigo sobre iniciar a escola,
mas as ideias deram uma volta…
Ontem foi a reunião de apresentação para os pais na escola
da minha filha mais velha que hoje inicio ou seu 3º não na escola primária. Para
mim, foi uma reunião interessante, e frustrante. Sempre quando vou à estas reuniões
gerais com muita gente, sinto compaixão pelos professores e professoras que
estão a frente de um multidão de pais. Ao mesmo tempo fico frustrada por ninguém
lhes ensinar como comunicar nestas situações, e outras (e parece-me também que
a maioria deles também não faz este investimento).
De qualquer modo, a razão número um pela forma bastante agressiva
e chata que se comunica nestas reuniões, não tem nada a ver com falta de
formação em comunicação. Tem a ver com medo. Mesmo que muitos dos professores
possam não o admitir, o medo é tão visível. E da mesma forma que estas pessoas
comunicam com os pais, comunicam com as crianças (ou até pior ainda). Acredito
que o medo é exatamente o mesmo, o medo de não ser respeitado (que no fundo
está ligado ao medo de não ser amado).
Na reunião que assisti ontem, houve uma altura em que a
diretora do agrupamento exclamou: “E
agora chegamos à altura de falarmos sobre o RESPEITO! É que é preciso ter RESPEITO PELA AUTORIDADE.”
Até tomei nota no meu caderninho….
Sempre quando ouço esta frase fico a tremer um pouco, e tenho
que fazer exercícios de respiração. Acredito que é mais do que óbvio, que
devemos ter respeito por qualquer pessoa que encontramos no nosso caminho. Mas, eu não ensino os meus filhos a
respeitar autoridades. Procuro ensinar os meus filhos a respeitar pessoas (e
animais, e a natureza…). E basicamente, só tenho uma única forma de o fazer. Dar o exemplo. Dar o exemplo. Posso conversar tudo o que quero (e pode ajudar um
pouco com os mais velhos), posso castigar, premiar, chatear….. mas nada disso
será útil para o meu objetivo final como educador, se o objetivo não for que a
criança só respeite pelo medo ou porque tem algo a ganhar.
A única coisa que pode realmente fazer a diferença é a forma
como EU respeito as pessoas à minha volta. E a seguir, a forma que outros
adultos (avós, professores, educadores, treinadores, amigos) na vida da criança respeitam outras pessoas.
E o meu filho aprende sobre respeito em todas as interações
que tenho com outras pessoas e ele está presente.
Quando falo com o polícia que parou o carro, quando
vou às finanças, quando falo com a professora, quando falo com os meus pais,
quando falo ao telefone com o meu chefe….
Se eu for “bem educada” nestas situações todas, e só respeito
a pessoa porque ela tem “autoridade”, então o meu filho vai sentir e integrar
isso. E por outro lado, se eu respeitar porque acredito profundamente que é
isso que devo, e quero fazer, então o meu filho vai sentir e integrar essa
forma de estar.
É a diferença entre respeitar por medo ou respeitar por
amor. Respeitar só com a mente, ou também com o coração.
Que tipo de respeito queres ensinar aos teus filhos? Que
tipo de respeito queres que seja ensinado nas escolas?
Achas que o mundo poderia ser um sítio diferente se aprendêssemos
todos “o respeito” por amor?
"Quando quando falo com o polícia que parou o carro, quando vou às finanças, quando falo com a professora, quando falo com os meus pais, quando falo ao telefone com o meu chefe…. "; e eu acrescentaria quando falo com outra pessoa sobre @ polícia, sobre a pessoa nas finanças, sobre os meus pais, sobre o meu chefe, ..., quando a criança está a ouvir. Pois acredito que também aí percepciona o exemplo.
ResponderEliminarSim, claramente Ricardo! E se eu nos meus encontros "reais" enfrentar as pessoas a partir do coração, certamente falarei de uma forma respeitadora quando falar deles em outras situações!
Eliminar"...não tem nada a ver com falta de formação em comunicação. Tem a ver com medo."
ResponderEliminarComunicar é "entrar em acção com" provém do latim "comunicare" e é um processo interactivo e pluridirecional. O que estes professores fazem é Informar que é diferente de comunicar. Consiste em transmitir informação sem se preocupar com o feedback dessa informação. Devido à sua incapacidade em comunicar estes professores informam de maneira agressiva para esconder o seu medo mais profundo - o falar perante uma audiência seja ela de adultos ou de crianças. E se eu sei conhecer esta incapacidade nas pessoas, as crianças na sua maioria não!
Nestes casos ás crianças aprendem a ter respeito por medo e não por admiração ou amor e que muitas vezes se traduz em sintomas físicos incontroláveis como vómitos persistentes.
Sim, certamente nestes casos estamos a falar muito mais de informação do que comunicação por um lado. O que acho é que os professores, gostariam que fosse um processo meramente informativo, porque seria muitíssimo mais fácil para eles. Mas como acaba por haver reacções, respostas e comentários da parte dos pais, a situação que foi preparada para ser um momento informativo transforma-se num processo de comunicação. (partindo do princípio que na comunicação há um emissor que recebe feedback do receptor, e no meio há "ruído" e filtros)
EliminarMama Mia ;)
ResponderEliminar...respondendo à tua pergunta: SIM!
Não tenho filhos, e é nisso mesmo em que acredito... e todos os dias caminho nessa direcção.
Excelente texto... conciso, objectivo... tocas no ponto certo sem rodeios.
Obrigado pela partilha!
Obrigada pelo comentário!
EliminarFabuloso!
ResponderEliminarSou professora, sei o que vivo.
Fui educada a ter respeito por mim prória e desta forma, respeito quem está junto a mim, em qualquer lado que vá.
Não digo mais nada, porque vou ler o post que me trouxe a este.
Um abraço pela mulher que é.