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© MamaMia |
Muitas vezes fala-se em dar ou não liberdade às crianças. Discute-se que tipo de liberdade se deveria dar, como dar, quais os limites etc. A criança pode vestir o que quer? Comer o que quer? Decidir quando se deitar? Jogar computador e ver televisão as horas que quiser? Pode falar com quer? Pode escolher não fazer os trabalhos de casa? Tem de obedecer sempre os pais?
Cada mãe e cada pai tem o seu conceito sobre o que é liberdade. Hoje gostaria de apresentar mais um conceito sobre o tema da Liberdade, desenvolvido pela terapeuta familiar Virginia Satir.
Virginia Satir é muitas vezes considerada a Mãe da Terapia Familiar e contribuiu de várias formas para o mundo da Terapia (e os criadores da Programação Neurolinguistica também se inspiraram no trabalho desta especialista).
Virginia Satir observou que muitos adultos aprenderam em crianças a negar os sentidos (é bom lembrarmo-nos que para a criança, os pais é que sabem ”a verdade” inclusive sobre o que ela própria está a sentir). Quanto mais a experiência da criança é negada, mas dificuldade ela vai ter na vida adulta em interpretar, reconhecer e observar os seus sentidos, os seus sentimentos e as suas emoções.
Para ajudar as pessoas a conectarem-se com o seu corpo e o seu eu no momento, focando a atenção nos recursos interiores e escolhas possíveis no presente, Virginia Satir desenvolveu ”As 5 Liberdades” (quem se interessa por Mindfulness vai perceber que isto são conceitos de Mindfulness comprovados hoje em dia pela neurociência).
São 5 Liberdades que podem ser utilizadas como afirmações e que acredito serem extremamente úteis promover em todas as relações e todas as situações... Nas relações com os filhos e nas relações românticas; na família, no trabalho, nas escolas... Se nós nos focarmos nestas liberdades, muitas vezes o resto da conversa sobre o que é liberdade torna-se mais ou menos irrelevante.
As 5 Liberdades são:
- A Liberdade de Ver e Ouvir (percepção) o que está aqui e agora, em vez do que foi, o que será ou o que deveria ser.
- A Liberdade de se dizer o que se pensa e sente, em vez do que se deveria pensar e sentir.
- A Liberdade de Sentir o que se está a sentir, em vez do que se deveria sentir.
- A Liberdade de exprimir o que se quer e deseja, sem esperar por autorização.
- A Liberdade de correr riscos, em vez de jogar sempre pelo seguro.
Pára agora um pouco e lê as liberdades novamente. Reflete sobre como seria a tua vida se sentisses sempre estas liberdades. Como seriam as tuas relações? Com o teu parceiro? Os teus pais? Os teus filhos?
Fica com isto um pouco.
Quando vivemos as nossas relações com estas cinco liberdades na base estamos a promover uma comunicação autêntica. Deixamos os julgamentos de lado. Promovemos um aumento de auto-estima e possibilitamos o crescimento do amor-próprio. E ficamos num bom caminho para viver um amor incondicional.
Qualquer família experiencia conflitos. É saudável viver conflitos e contribui para o desenvolvimento de todos. Com as 5 liberdades criamos espaço para diferenças de opinião, criamos espaço para o amor em vez do medo. Não julgamos acontecimentos, opiniões, sentimentos e emoções dos outros. Criamos um ambiente onde há sempre espaço para a verdade. Um ambiente onde não é necessário saber dizer as coisas da forma certa, esconder partes da história ou apenas dizer o que é considerado aceitável. Um ambiente para desenvolver uma boa auto-estima!
Quantos de nós em criança ou adolescente sentimos que houve vezes em que não podíamos contar a verdade toda? E quantos de nós queremos que os nossos filhos contem sempre a verdade toda?
As crianças vão obrigatoriamente modelar a forma como os pais se exprimem. E se quiseres dar um bom presente aos teus filhos, fala sobre os teus sentimentos, as tuas emoções, as tuas necessidades. Fala de ti! Na primeira pessoa!
Como pais é bom termos em mente que é completamente natural sentirmo-nos frustrados! É natural que o que os nossos filhos façam, tenha muitas vezes um efeito stressante sobre nós. E é bom as crianças poderem ouvir o que se realmente passa no nosso interior, mesmo quando são coisas mais sensíveis e difíceis. E quando os nossos filhos conseguem fazer o mesmo connosco, é uma dádiva!
Convido-te a olhar para as 5 liberdades todos os dias durante pelo menos uma semana. Procura integrá-las nas tuas interações durante o dia (com filhos, parceiros, amigos, colegas...), e observa o que acontece!
Parece-me perfeito.
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