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Recebo diariamente perguntas sobre diferentes coisas relacionadas com educação e parentalidade. Sinto-me muito grata por haver tantas pessoas que escolhem partilhar partes tão importantes da sua vida comigo. Normalmente, respondo às perguntas, com várias perguntas. E hoje gostava de partilhar contigo algumas das perguntas que normalmente faço.
Muitas mães, e alguns pais, contactam-me com dúvidas relacionadas com o certo e o errado. Questionam se estão a fazer a coisa certa ou errada, questionam-se há uma forma certa de educar e agir em certas situações.
Quando tens dúvidas em relação à forma como estás a agir/tens agido, ou se tens dúvidas em relação a um conselho que alguém (a tua mãe, o pediatra, o terapeuta, o psicólogo…) te deu, se tens dúvidas em relação a alguma dica que eu dei, então convido-te a fazeres-te a ti mesm@ algumas perguntas. As perguntas não têm de ser feitas por uma determinada ordem. Nem têm que ser todas feitas. Muitas vezes basta responder a uma delas para fazer uma grande reflexão.
1. Utilizaria a mesma estratégia se o problema fosse com um adulto?
Se quiseres praticar parentalidade consciente é importante perceberes, e integrares, que todas as pessoas têm o mesmo valor. Todas as necessidades, todos os desejos, todos os pensamentos e todas as opiniões que o teu filho tem, têm o mesmo valor que as necessidades, todos os desejos, todos os pensamentos e todas as opiniões que tu tens. Isso não quer dizer que deves fazer sempre o que o teu filho quer, só quer dizer que o valor é o mesmo. A ideia aqui também é que se não irias fazer o que estás a fazer se a pessoa à tua frente fosse uma pessoa adulta, deves questionar com que base que estás a agir. Estás a agir partindo do principio que a pessoa à tua frente tem o mesmo valor que tu? Dizias o que dizes, se fosse um adulto? Davas uma palmada? Punhas de castigo? etc. Se a resposta é não, convido-te a pensares numa alternativa. Porque existem sempre alternativas.
2. Como é que eu me sentiria se alguém fizesse o mesmo comigo?
A ideia por trás é a mesma que na pergunta em cima- a ideia do igual valor. Se a tua resposta é que te sentirias ”mal” ou algo do género, então, convido-te a pensares numa alternativa. Porque existem sempre alternativas.
3. A estratégia está alinhada com os meus valores e com as minhas intenções?
Se ainda não te sentaste para pensar bem sobre quais os teus valores e quais as tuas intenções como mãe/pai, convido-te a fazê-lo agora. Isso vai-te servir de guia para sempre. Só podes saber se uma coisa é realmente certa ou errada para ti quando sabes quais são as tuas intenções em relação à tua parentalidade. Se tiveres os teus valores e as tuas intenções bem definidos, é fácil avaliar. O que estás a fazer, ou o que estás a ponderar fazer, está alinhado? Se a resposta for não, convido-te a pensares numa alternativa. Porque existem sempre alternativas.
4. De que forma é que a estratégia está a contribuir para o meu filho poder adquirir as competências e qualidades que eu gostava que ele tivesse?
Quando sabes quais as tuas intenções e os teus valores como mãe/pai, vais poder também pensar sobre quais as competências e qualidades que gostavas que o teu filho tivesse. Se queres educar para a empatia, respeito, responsabilidade, compaixão então o que tu fazes tem de contribuir para isso mesmo. Quando utilizas uma estratégia reflete bem sobre quais as competências e qualidades que ela promove. Se queres educar para a empatia e respeito, será que utilizar castigos é uma boa estratégia? etc.
Se ao fazeres a tua reflexão chegas a conclusão que a estratégia não contribui para as competências e qualidades que gostavas que o teu filho tivesse convido-te a pensares numa alternativa. Porque existem sempre alternativas.
5. Qual é a verdadeira aprendizagem do meu filho?
Esta pergunta está muito ligada à pergunta anterior. Muitas estratégias que utilizamos podem ter um objetivo especifico, e contêm ideias sobre o que é que a criança deveria aprender com ela. A questão é que, se investirmos algum tempo a aprender sobre desenvolvimento infantil e cerebral, sabemos que as aprendizagens que gostávamos que a criança tivesse, podem não ser as que ela realmente está a fazer. Mas às vezes também basta fazer uma reflexão um pouco mais profunda. Por exemplo, se pões o teu filho de castigo para aprender a não fazer a mesma ”asneira” novamente ele aprende, por exemplo, que as necessidades dele não têm o mesmo valor que as tuas, aprende que só tem valor quando se comporta de uma certa forma, pode aprender que mentir é melhor do que falar a verdade, aprende que nem todas as necessidades e emoções são aceites, aprende que tu nem sempre (ou nunca) te preocupas com os seus estados emocionais profundos e as suas necessidades e que o comportamento em si é mais importante etc. Se utilizas palmadas o teu filho vai por exemplo aprender que violência em algumas situações é adequada. Se gritas quando o teu filho não faz o que tu queres o teu filho vai aprender que pode ser necessário gritar para conseguirmos o que queremos etc. E se utilizares a estratégia de ignorar o teu filho quando ele faz uma birra, o que é que ele aprende?
Se ao refletires sobre as aprendizagens chegas à conclusão que não são bem as que gostavas que o teu filho tivesse então convido-te a pensares numa alternativa. Porque existem sempre alternativas!
Então quais são as alternativas que tenho, talvez perguntas tu?! São tantas… Procura aqui no blog, por exemplo aqui ou aqui. Segue também os posts no facebook, ou porque não participar numa palestra ou curso de Parentalidade Consciente?!
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