quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A falta de respeito


Na educação de crianças trabalho com uma premissa básica que no fundo é válida para qualquer relação: 

“Demonstra o mesmo respeito à criança que gostavas que ela te demonstrasse a ti.” 

E por simples que pareça essa premissa, temos todos desafios de a integrar, de realmente viver de acordo com a ideia de que merecemos, todos, o mesmo respeito. Adultos, velhos, amarelos, gays, negros, altos, professores, heterossexuais, baixos, polícias…. e crianças! 

escrevi a este respeito antes, e a maioria das pessoas dizem-me que estão de acordo e que é óbvio… mas depois o que vejo, é completamente diferente. São aplicadas muitas exceções, porque a criança tem de “aprender” a respeitar os adultos… Se educarmos com a ideia de que eu como adulto tenho mais poder do que a criança, que posso mandar em certas situações porque eu é que sou adulto… então ainda estou longe da premissa. 

Noto que muita gente fica com dúvidas em relação a se isto funciona mesmo… é como se cada conflito que temos com a criança fosse uma prova que isto, na realidade, não é bem assim… que não é assim tão simples. Que ainda precisamos da autoridade que “ganhamos” só por sermos pais. Gostaria então de salientar que nunca disse que tenho o objetivo eliminar os conflitos! Os conflitos são essênciais para o desenvolvimento das crianças e para o nosso desenvolvimento. O objetivo nunca é o de evitar conflitos, o objetivo é viver o respeito mútuo. 

Acredito que as crianças nascem com a capacidade de desenvolver empatia, acredito que as crianças nascem com uma enorme vontade de contribuir para o bem estar das outras pessoas e principalmente dos pais. Acredito que as crianças são seres sociais que querem fazer parte do grupo, que querem funcionar no grupo. 

Nós, como pai,s temos a possibilidade de ajudar as crianças a estarem em contacto com o seu interior e estarem em contacto com estas capacidades. E para isso acontecer, temos que proporcionar as melhores condições para a criança. Infelizmente nem sempre fazemos isso…

Ralhamos. (Agora estás te a portar muito mal!)

Ameaçamos. (Se não parares com isso agora, não podes jogar mais!)

Utilizamos a culpa e a vergonha. (Já devias saber que isso não se faz!)

Desvalorizamos as emoções (Não tens razão nenhuma para estar triste!)

Questionamos as necessidades (Como é possível já teres fome?!)

Quando comunicamos desta forma com as crianças dificultamos o processo de se manterem ligadas ao seu interior, não aprendem sobre as suas próprias emoções. A criança começa-se a questionar, e em vez de estar focada em como contribuir, procura proteger-se. E essa proteção, muitas vezes é o que nós adultos chamamos “falta de respeito”. 

Por isso, nos momentos em que sentes que uma criança (ou qualquer pessoa com quem te estejas a relacionar) te está a faltar o respeito, pergunta-te primeiro se o teu comportamento antecedente demonstrou todo aquele respeito que gostavas de obter. E analisa também a tua reacção a essa falta de respeito. Reagiste com respeito, ou podias ter reagido de outra forma?
Para mim a formula é simples, a sua aplicação pode ser desafiante, mas se tivermos paciência e calma (e se eliminarmos a ideia de que os conflitos são um falhanço), vamos obter resultados fantásticos…. procura abraçar a falta de respeito, com ainda mais respeito.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

10 formas de cuidares e aumentares a tua Auto-Estima como adulto




Ultimamente tem-me aparecido muitas vezes a pergunta “Como se desenvolve a auto-estima num adulto”? E embora isso não tenha diretamente a ver com as crianças... indiretamente tem! Porque, como costumo dizer, o melhor presente que podes dar ao teu filho é tratares bem de ti mesmo, assumires responsabilidade em relação a ti (e às tuas relações).

Em primeiro lugar, deixa-me fazer uma distinção entre auto-estima e auto-confiança.

Auto-estima tem a ver com o que sou e como me relaciono com isso. Tendo uma auto-estima saudável relaciono-me bem com tudo que sei sobre mim, aceito-me a mim mesmo exatamente como sou. A boa auto-estima funciona como uma espécie de sistema imunitário que nós ajuda a lidar com situações onde estamos a ser questionados, atacados, em situações de bullying etc. Quanto melhor a minha auto-estima, mais facilidade tenho de lidar com estas situações. A auto-estima é que me faz sentir bem em relação à mim mesma.

A auto-confiança está ligada a situações específicas e a prestações, por exemplo estou auto-confiante a dar formação, a jogar futebol ou a fazer contas. A auto-confiança pode-me fazer sentir bem em relação a uma situação específica.

A ligação entre auto-confiança e auto-estima é pequena. Ter uma boa auto-confiança em várias áreas não melhora a minha auto-estima. Mas, se eu tiver uma boa auto-estima, ter baixa auto-confiança em algumas áreas não se torna um problema.

Por exemplo, se eu decidir tornar-me pianista vou iniciar aulas de piano. Nas aulas de piano descubro que tenho muita dificuldade em aprender a tocar. Se tiver uma baixa auto-estima, vou lidar mal com essa descoberta, se tiver uma alta auto-estima vou lidar bem com a mesma descoberta. Se por outro lado perceber que estou a gostar muito e que tenho jeito e energia para investir no treino, posso desenvolver auto-confiança em relação ao tocar piano.

E então o que faço para aumentar e manter a minha auto-estima?

1. Assumo a responsabilidade por mim! Sou eu, unicamente eu, que sou responsável por mim. Mais ninguém. Quando sou auto-responsável faço as coisas por mim e não pelos outros em primeiro lugar. E quando faço pelos outros é uma escolha minha, ponderada, com qual me sinto bem e não tenho grandes dúvidas. Entendo e conheço (e procuro conhecer cada vez mais) os meus limites e os meus valores. Sei dizer que não às pessoas, mesmo às pessoas que mais amo, às pessoas que me assustam, às pessoas com quais me comparo e às pessoas que quero impressionar...

2. Trabalho o meu auto-reconhecimento e a minha auto-compaixão! Reconheco tudo o que tenho de bom e tenho compaixão comigo mesma em relação às coisas menos boas. Um exercício que se pode fazer é no final do dia é escrever 3 situações que aconteceram durante o dia. Coisas que fiz menos bem e coisas que fiz bem. Depois imagino que não fui eu que fiz aquelas coisas, mas outra pessoa que amo muito. A seguir troco essa pessoa por mim mesmo e procuro sentir o que senti pela outra pessoa, por mim.

3. Nada de comparações! Muitos de nós comparámo-nos constantemente com outras pessoas. Em tudo: ela é uma melhor mãe, ele é mais inteligente, ela é muito mais bonita, ele é mais forte…. A questão é que só nós nos podemos comparar com nós próprios. E mais ninguém. Quando começo a comparar-me com os outros, imagino um grande sinal de Stop! e procuro encontrar uma imagem boa de mim na mesma situação.

4. Sou congruente! Procuro sempre a congruência, quando sou congruente estou alinhada com os meus valores e os meus limites. Sou auto-responsável, e assumo responsabilidade por mim. Quando estou incongruente estou a “comer” a minha auto-estima.

5. Tenho mais auto-compaixão! Quando tenho compaixão comigo mesma consigo aceitar àquilo que sou, o que é fundamental para a auto-estima. Essa aceitação não quer dizer que nunca vou mudar nada, não quer dizer que fico passiva. Pelo contrário, ao aceitar, consigo transformar em algum melhor! Quando conheço e aceito os meus lados menos bons, consigo também trabalhar para os melhorar.

6. Falo das minhas emoções! Não consigo frisar o suficiente a importância de exprimirmos as nossas emoções. Principalmente quando se trata de emoções como culpa e vergonha que são grandes inimigos da auto-estima. É importante lembrar que não há culpa, há responsabilidade. Eu não tenho culpa de nada mas posso ser responsável. E quando penso nas minhas emoções também penso sobre como me sinto em relação àquilo que sinto. Muitas vezes é esse o grande problema. “Tenho vergonha porque estou apaixonada por uma mulher.” (ou seja sinto amor, mas o problema é o que sinto em relação à isso).

7. Estou no aqui e agora! Este momento é o único que consigo realmente influenciar. É neste momento que consigo parar e pensar um pouco sobre aquilo que sinto, penso e acho… É neste momento que me posso ficar a conhecer melhor.

8. Tomo conta de mim! Faço coisas que gosto. Arranjo tempo para mim. Não sinto culpa por ter momentos auto-centrados (em que é provável que algumas pessoas me chamem egoísta). E se sentir culpa, deixo a emoção estar, mas não faço diferente, a emoção vai acabar por descarregar. Trato do meu corpo tal como da minha mente. Há tempo na minha agenda também para mim!

9. Faço amor comigo! Pois, estou a falar de masturbação (mesmo! ;)). Masturbação é uma forma fantástica para me ficar a conhecer melhor. Tem tudo a ver com responsabilidade, prazer e limites. Tem tudo a ver com auto-conhecimento. E tem tudo a ver com amor-próprio. Se não souber o que me dá prazer, nunca o vou ter.

10. Medito! Pelo menos de vez em quando. Desafio-me a ficar sozinha comigo mesma e o que se está a passar no meu corpo e na minha mente. 

    Quanto mais gosto de mim, quanto mais vejo as coisas boas e mim, quanto mais aceito as coisas menos boas em mim, quanto mais compaixão tenho por mim... mais vou conseguir sentir o mesmo pelos outros.... Quanto melhor a minha relação comigo, melhores as minhas relações com os outros.

    Será que o mundo seria um lugar melhor se tivéssemos todos mais auto-estima?

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O João- uma pequena história sobre ver ou não ver




  Era uma vez um menino chamado João. O João tinha 6 anos e era um menino muito amoroso, mas muito, mas muito mal comportado. Por volta dos dois anos os pais do João experienciaram as primeiras “birras” e as primeiras verdadeiras “asneiras” do João. Entenderam que era a chamada “idade das birras” e aguentaram o melhor que puderam, aplicando diversos métodos de educação através de dicas de amigos e familiares e através dos livros e artigos de educação que foram lendo. Como nada parecia funcionar, confortaram-se com o facto de que o João estava na “idade das birras” e que ia passar… Aos 4 anos os pais do João começaram a ficar um pouco preocupados com o comportamento do João. A idade das birras nunca acaba? questionavam eles.  

O João era um menino sempre apoiado e incentivado, elogiado, premiado, e amado. E os pais do João não entendiam de onde vinha àquele comportamento. Eram pais bastante ocupados, com carreiras importantes, e estavam a começar a sentir-se esgotados com a situação do filho. Castigos de todo o género, palmadas, time outs, ultimamente até tinham instituído um quadro de bom comportamento lá em casa. Uns dias até parecia que o João estava motivado para receber o barco de piratas do Playmobile… outros estava-se a borrifar. O número de auto-colantes colocados no caminho para a prenda, ainda eram poucos, e os pais do João estavam mesmo a desanimar.
Certo dia, a mãe do João consegui acabar o projeto em que estava a trabalhar um pouco mais cedo e viu que ainda dava para ir às compras antes de ir buscar o João à escola. Mas este dia a Mãe sentiu algo diferente, sentiu uma vontade enorme de ir buscar o João e leva-lo com ela às compras. Mas, ela estava maluca? Levar o João às compras? Não, mais valia fazer as compras primeiro e depois ir buscá-lo à escola, “ele fica melhor a brincar com os amiguinhos mais um pouco”. A Mãe sentou-se no carro, ligou a música, distraiu-se, e quando deu por ela, estava a porta da escola do João! Sorriu, e pensou. “Pronto, hoje é mesmo para ser. Vou fazer compras com o João.” E inspirou profundamente. 

As compras com o João correram surpreendemente bem. Só houve uma pequena chatice quando a mãe se recusou de comprar mais Bakugans, mas de resto, ela estava realmente satisfeita. Ainda por cima, durante o tempo todo, ela e o João tiveram uma agradável conversa e a Mãe sentiu-se mesmo presente.

Ao sair das compras decidiram ficar um pouco a brincar no parque infantil que estava mesmo ao lado do supermercado. O João ficou feliz da vida e correu para os baloiços. A Mãe aproveitou para fazer um telefonema importante enquanto o João brincava. Ao desligar, olhou para o telefone, e decidiu desligar o som, sem sabendo bem porquê. Ouviu o João a chamar. “Mamã, mamã! Olhe para mim aqui em cima!” A mãe viu o João em cima do maior escorrega do parque. Sentiu um pequeno frio na barriga quando viu o filho tão alto, mas não disse nada. Olhou para o João, olhou-o mesmo nos olhos, por uns momentos só existia ela, e o filho… sorriu, levantou a mão, e acenou. 

Muito baixinho disse “Estou-te a ver João, estou-te a ver…”. E ali, naquele momento, percebeu, que o João nunca mais ia ser o mesmo. Que a vida daquela pequena família ia ser muito mais tranquila

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O meu Manifesto de Mãe

 
Sou uma grande fã da Brené Brown. Para quem ainda não viu o TED Talk dela sobre vulnerabilidade aconselho vivamente ver

Há muito tempo vi um manifesto escrito por esta senhora fantástica, e hoje apareceu-me esse manifesto de novo. 

A diferença entre hoje e de outra vez foi que decidi escrever um manifesto meu. Um manifesto de Mãe, um manifesto de mim para os meus filhos. 

É um exercício poderoso, aconselho-te a fazer o mesmo. 


                          

  





O meu Manifesto de Mãe

Acima de tudo, quero que saibas que és amado, exatamente como és. Amo-te independentemente do que fazes, dizes ou pensas. Amo-te por seres tu.

O amor é tudo, e quero que vejas esse amor na forma como te trato e também na forma que me trato a mim.

Quero que saibas que o teu lugar no mundo tem sempre valor. Tu tens sempre valor.

Prometo que vou praticar auto-compaixão, prometo que vou abraçar as minhas próprias imperfeições para te perceberes que na imperfeição podemos encontrar a perfeição… e que somos sempre dignos de amor.

Na nossa família vamos ter coragem de nos mostrar como somos, vamos ter coragem de ser vulneráveis. Vamos partilhar as nossas histórias de esforço e as nossas histórias de força. Vai sempre haver lugar para ambas.

Vamos aprender sobre compaixão, praticando compaixão por nós mesmos primeiro, e depois juntos. Vamos mostrar e honrar os nossos limites, vamos confiar e vamos assumir responsabilidade por nós mesmos.

A nossa integridade é sagrada. A tua e a minha.

Vais aprender a pôr-te em causa olhando para os meus erros e a forma como os corrijo. E vais ver que consigo pedir o que necessito e consigo falar sobre o que sinto.

Vamos praticar muita gratidão.

Quero-te deixar sentir todos os sentimentos, todas as emoções, sem te tentar salvar delas. Estarei ao teu lado para te ajudar no processo.

Nos dias de incerteza, quero mostrar que o mais importante é o nosso amor.

Vamos rir, dançar, brincar, criar, amar… Juntos, vamos poder ser nós mesmos.

Não te vou ensinar ou mostrar nada na perfeição… vou-te deixar ver-me, a mim, abertamente. E eu prometo que te vou ver sempre a ti. Vou-te ver, verdadeiramente, vou-te ver sempre a ti
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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

A menina da mamã e a auto-estima


No domingo coloquei um status no Facebook que gostaria de explorar um pouco mais. A minha intenção às vezes pode ser provocar, mas principalmente quero fazer questionar, refletir, pensar…. Por isso, convido-te a fazer isso mesmo, questionar, refletir e pensar e levar daqui deste blog aquilo que faz sentido para ti.

Noutro dia ouvi a seguinte frase, dita por uma mãe que estava contente por a filha ter ajudado a arrumar os brinquedos:
“Linda menina, ao ajudar estás-te a portar muito bem. Assim és a menina da mamã!"

Qual será a intenção desta frase? Provavelmente a mãe quis incentivar a filha a ter um “bom comportamento”, provavelmente quis demonstrar a sua gratidão, satisfação e, provavelmente, quis reconhecer o esforço da filha. Ou seja, a intenção foi boa e positiva.
Qual é o problema com esta frase então? Certamente não a intenção. E também não haverá grande problema se a criança ouve este tipo de coisas poucas (muito poucas) vezes. Mas, vamos então olhar melhor para a frase:
Linda menina, ao ajudar estás-te a portar muito bem.” – porque é que queremos que a criança ajude a arrumar? Para se portar bem (e porque tem medo de ser excluída, ter vergonha ou de ter sentimentos de culpa) ou porque quer contribuir para o bem estar do sistema onde está inserida?
Assim és a menina da mamã!" – será que quero mesmo passar a mensagem que a minha filha só é “a menina da mamã” se ela fizer o que eu lhe digo, e só quando ela se “portar bem”. Será que quero passar a mensagem que a minha filha só tem valor para mim nestas situações?
Ó Mia, mas agora estás mesmo a exagerar! Não é assim tão grave...
Não sei se é grave ou não, só sei que os efeitos a longo prazo deste tipo de frases não ajudam a desenvolver e solidificar a auto-estima dos nossos filhos. Mas, claro que isso também depende de quais são os meus objetivos como mãe ao longo prazo.
Neste exemplo específico a mãe provavelmente quis reforçar que gostou mesmo do comportamento da filha e que gostava que ela tivesse sempre esse comportamento. Se o nosso objetivo for ter uma criança com boa auto-estima, que sabe o que é empatia e que gosta de contribuir para o sistema porque sente isso do seu interior (e não porque tem medo de ser avaliada, castigada, de ter vergonha ou sentir culpa), então gostaria de dar um exemplo de como um feedback mais específico, sem julgamentos, e principalmente um feedback pessoal, pode ser:
"Muito obrigada, filha. Foi muito importante para mim teres ajudado, gosto muito de trabalhar em equipa contigo."
Ao exprimir-me desta forma, estou a falar do meu ponto de vista pessoal, digo o que é importante para mim como mãe e a criança fica a conhecer-me a mim um pouco melhor. Estou a dar valor sem avaliação e julgamento, que é chave no desenvolvimento da auto-estima. Estou a ser autêntica e estou a exprimir as verdadeiras razões da minha satisfação. A minha filha consegue aprender algo sobre mim, sobre o que é trabalho em equipa, um pouco sobre o mundo, sem ideias de certo e errado. Mantenho também a intenção inicial e ao mesmo tempo consigo apoiar a criança no caminho de solidificar a sua auto-estima.

Queres saber mais sobre como desenvolver a auto-estima do teu filho?
Então participa no Workshop "Desenvolver a auto-estima do seu filho" (1-12 anos) no dia 3 de Outubro na Life Training Academy em Leça do Balio, Porto. Mais informação e inscrições aqui:

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

É preciso ter respeito!


E começaram as escolas! Tanto crianças como pais… todos ansiosos pelo início. Tinha pensado em escrever um artigo sobre iniciar a escola, mas as ideias deram uma volta… 

 
Ontem foi a reunião de apresentação para os pais na escola da minha filha mais velha que hoje inicio ou seu 3º não na escola primária. Para mim, foi uma reunião interessante, e frustrante. Sempre quando vou à estas reuniões gerais com muita gente, sinto compaixão pelos professores e professoras que estão a frente de um multidão de pais. Ao mesmo tempo fico frustrada por ninguém lhes ensinar como comunicar nestas situações, e outras (e parece-me também que a maioria deles também não faz este investimento). 

De qualquer modo, a razão número um pela forma bastante agressiva e chata que se comunica nestas reuniões, não tem nada a ver com falta de formação em comunicação. Tem a ver com medo. Mesmo que muitos dos professores possam não o admitir, o medo é tão visível. E da mesma forma que estas pessoas comunicam com os pais, comunicam com as crianças (ou até pior ainda). Acredito que o medo é exatamente o mesmo, o medo de não ser respeitado (que no fundo está ligado ao medo de não ser amado). 

Na reunião que assisti ontem, houve uma altura em que a diretora do agrupamento exclamou: “E agora chegamos à altura de falarmos sobre o RESPEITO! É que é preciso ter RESPEITO PELA AUTORIDADE.” Até tomei nota no meu caderninho…. 

Sempre quando ouço esta frase fico a tremer um pouco, e tenho que fazer exercícios de respiração. Acredito que é mais do que óbvio, que devemos ter respeito por qualquer pessoa que encontramos no nosso caminho. Mas, eu não ensino os meus filhos a respeitar autoridades. Procuro ensinar os meus filhos a respeitar pessoas (e animais, e a natureza…). E basicamente, só tenho uma única forma de o fazer. Dar o exemplo. Dar o exemplo. Posso conversar tudo o que quero (e pode ajudar um pouco com os mais velhos), posso castigar, premiar, chatear….. mas nada disso será útil para o meu objetivo final como educador, se o objetivo não for que a criança só respeite pelo medo ou porque tem algo a ganhar. 

A única coisa que pode realmente fazer a diferença é a forma como EU respeito as pessoas à minha volta. E a seguir, a forma que outros adultos (avós, professores, educadores, treinadores, amigos)  na vida da criança respeitam outras pessoas. 

E o meu filho aprende sobre respeito em todas as interações que tenho com outras pessoas e ele está presente. 

Quando falo com o polícia que parou o carro, quando vou às finanças, quando falo com a professora, quando falo com os meus pais, quando falo ao telefone com o meu chefe…. 

Se eu for “bem educada” nestas situações todas, e só respeito a pessoa porque ela tem “autoridade”, então o meu filho vai sentir e integrar isso. E por outro lado, se eu respeitar porque acredito profundamente que é isso que devo, e quero fazer, então o meu filho vai sentir e integrar essa forma de estar. 

É a diferença entre respeitar por medo ou respeitar por amor. Respeitar só com a mente, ou também com o coração. 

Que tipo de respeito queres ensinar aos teus filhos? Que tipo de respeito queres que seja ensinado nas escolas? 

Achas que o mundo poderia ser um sítio diferente se aprendêssemos todos “o respeito” por amor?