Como adultos
temos um poder incrível sobre os nossos filhos e as crianças à nossa volta.
Acredito que é essencial utilizarmos esse poder de uma forma consciente e com
muita atenção. Há um tipo de poder que as vezes nos esquecemos, o poder de definição. O poder de
definição que os adultos têm sobre as crianças é forte, e se não estivermos
muito atentos é muito pouco óbvio.
Temos todos
ideias (limitadoras) de como nós próprios somos. Sou ansiosa. Tenho dificuldades de concentração. Como muito. Irrito-me
com facilidade....
De onde vêm
estas ideias? Porque começaste a definir a tua personalidade de uma certa
forma?
A forma que
falamos sobre uma criança, a forma que a definimos,
vai afetar e formar a sua auto-imagem. Sou
assim…
E temos que
ser praticamente adultos, e ter uma boa auto-estima, para termos coragem de
questionar a imagem que os outros têm de nós.
Quando digo
diretamente à criança:
-Tu estas cansado.
- Portas-te sempre mal.
- És muito chato.
- Nunca ouves.
- Não consegues sozinho.
- És muito falador.
Ou quando
falo sobre ela com um outro adulto (na presença dela):
- Ela é muito ansiosa.
- Ele tem dificuldades de concentração.
- Ele é violento.
- Ele é nervoso.
- Ela é desorientada.
- Ele é hiperativo.
O que estou
a fazer?
Exatamente,
estou a utilizar o meu poder de definição sobre a criança, mas também tenho o que podemos chamar "o privilégio de formular o problema" o que também faz com que eu como adulta, tenho o poder da solução... Vale a pena refletir um pouco sobre isso... não achas?
As minhas palavras sobre à criança podem ter nomeadamente dois efeitos...
As minhas palavras sobre à criança podem ter nomeadamente dois efeitos...
1.Quando
digo o que a criança sente (frio, fome, zanga…), como a criança confia mais nos
adultos/pais do que nela própria, estou a priva-la de aprendizagens importantes
sobre auto-responsabilidade. Em vez de fazer uma afirmação, sugiro que
transformes o que queres dizer numa pergunta, ou numa frase tipo “Parece-me que estás zangado.”
2.Quando
descrevo a personalidade da criança estou a afetar a sua auto-imagem. E o que
acontece quando a criança cria uma auto-imagem de ser ansiosa/violenta/hiperativa?
É uma “selfulfilling prophecy” , uma
profecia que se vai realizar por ela própria….
A minha
sugestão é fazermos um jogo de palavras. Vamos trocar as palavras com uma
conotação negativa por palavras mais positivas, é que, se a auto-imagem da
criança é afetada pelas palavras negativas, também reage às palavras positivas,
certo? Se em vez de dizermos "Ele tem dificuldades de concentração", disséssemos "Ele está sempre muito atento ao que se passa a volta."... Será diferente?
Em baixo
encontras uma pequena lista de mais exemplos. Experimenta e vê o que acontece! Será que a criança reage de uma forma diferente? Será que as minhas soluções e o meu comportamento perante a criança muda?.....
Mandão líder
natural
Compulsivo eficiente,
atento ao detalhe
Palhaço gosta
de se divertir
Provocador crenças
fortes, corajoso
Calado pensador, refletivo
Teimoso determinado,
persistente
Não focado processa
muita informação
Fala alto confiante
Falador bom
comunicador
Tímido cuidadoso
Quer atenção expressa
necessidades
Desobediente independente,
explora limites
Impulsivo espontâneo
Medroso pensativo,
cuidadoso
Mau procura
poder
Intrometido curioso
Desafiador integridade
forte